Com Belén Rueda, Lluís Homar, Pablo Derqui, Julia Gutiérrez Caba
“Los Ojos de Julia” apresenta bastantes semelhanças com “El Orfanato”, outra película espanhola estreada em 2007 e que conquistou tanto o público como a crítica internacional. Ambos são brilhantemente protagonizados pela actriz Belén Rueda, que continua a deixar bem claro que é uma das actrizes mais talentosas da actualidade. Ambos usufruem das belas e arrepiantes melodias compostas por Fernando Velázquez. E ambos são produzidos pelo visionário dos sonhos que é Guillermo del Toro, esse mago do cinema fantástico, apenas rivalizado por Peter Jackson em termos de pura imaginação narrativa (não é à toa que del Toro esteve na calha para realizar “The Hobbit”, um dos filmes mais aguardados do próximo ano). É difícil avaliar até que ponto a influência do aclamado realizador mexicano se faz sentir neste “Los Ojos de Julia”. Mas algo nos diz que sem as suas orientações, Guillem Morales não teria sido capaz de dar vida a uma obra tão ilustre e requintada. Que não haja dúvidas que estamos perante uma das obras mais bem conseguidas do ano. Ao bom estilo do que já acontecia em “El Orfanato”, “Los Ojos de Julia” deixa o espectador na dúvida até ao fim, mantendo os seus nervos em franja com uma ambiência tão tensa quanto arrepiante e servindo-lhe um dos finais mais satisfatórios dos últimos anos. É certo que a primeira metade vacila um pouquinho, apresentando até algumas doses de repetitividade enfadonha. Mas a segunda metade é do melhor que já nos foi dado a ver, revelando um Guillem Morales bem arrojado e sem qualquer receio de filmar coisas que jamais assomariam numa película de Hollywood.
“Los Ojos de Julia” apresenta bastantes semelhanças com “El Orfanato”, outra película espanhola estreada em 2007 e que conquistou tanto o público como a crítica internacional. Ambos são brilhantemente protagonizados pela actriz Belén Rueda, que continua a deixar bem claro que é uma das actrizes mais talentosas da actualidade. Ambos usufruem das belas e arrepiantes melodias compostas por Fernando Velázquez. E ambos são produzidos pelo visionário dos sonhos que é Guillermo del Toro, esse mago do cinema fantástico, apenas rivalizado por Peter Jackson em termos de pura imaginação narrativa (não é à toa que del Toro esteve na calha para realizar “The Hobbit”, um dos filmes mais aguardados do próximo ano). É difícil avaliar até que ponto a influência do aclamado realizador mexicano se faz sentir neste “Los Ojos de Julia”. Mas algo nos diz que sem as suas orientações, Guillem Morales não teria sido capaz de dar vida a uma obra tão ilustre e requintada. Que não haja dúvidas que estamos perante uma das obras mais bem conseguidas do ano. Ao bom estilo do que já acontecia em “El Orfanato”, “Los Ojos de Julia” deixa o espectador na dúvida até ao fim, mantendo os seus nervos em franja com uma ambiência tão tensa quanto arrepiante e servindo-lhe um dos finais mais satisfatórios dos últimos anos. É certo que a primeira metade vacila um pouquinho, apresentando até algumas doses de repetitividade enfadonha. Mas a segunda metade é do melhor que já nos foi dado a ver, revelando um Guillem Morales bem arrojado e sem qualquer receio de filmar coisas que jamais assomariam numa película de Hollywood.
Quando Julia (Belén Rueda) sente que algo de errado se passou com a sua irmã gémea, ela decide viajar até à vila desta última com o marido (Lluís Homar) para verificar se aconteceu algo de grave. Para choque de ambos, descobrem que a irmã está morta, mais propriamente enforcada na cave de sua casa. Tudo parece apontar para um caso de suicídio, até porque ela sofria de uma doença degenerativa que a tinha deixado cega há cerca de um ano. Porém, Julia (que padece da mesma doença) sente que algo nessa história não bate certo, principalmente porque a irmã ainda detinha esperanças de voltar a ver, graças a uma operação cirúrgica que estava marcada para breve. Contra a vontade do marido, Julia decide então investigar o caso pelos seus próprios meios. E quando lhe dizem que a irmã tinha um namorado algo estranho e taciturno que nem compareceu ao funeral, Julia convence-se cada vez mais de que está perante um caso de assassinato. A partir desse momento, ela começa a sentir-se observada e perseguida. Um homem misterioso parece usar as sombras para seguir todos os seus movimentos. E quando a cegueira a ataca igualmente, Julia sente-se impotente para reagir perante o perigo iminente. Sem a visão, esse mais fulcral dos sentidos, como poderá ela saber em quem confiar? Assim se inicia uma jornada que a irá colocar cara-a-cara com a própria morte.
De certa forma, “Los Ojos de Julia” é uma espécie de “Psycho” à espanhola. E tenho a certeza de que o próprio Alfred Hitchcock não se sentiria menosprezado com tal comparação. Pois esta pérola do cinema espanhol (já perdi a conta ao número de pérolas que nuestros hermanos apresentaram nos últimos anos, um case study que Portugal bem podia estudar e com o qual podia tentar aprender alguma coisinha…) merece bem ser vista e aclamada, afirmando-se como um dos melhores thrillers psicológicos dos últimos anos (a nível internacional). De facto, ao passo que “El Orfanato” abordava um tema mais sobrenatural, “Los Ojos de Julia” instala-se confortavelmente no campo dos thrillers, ainda para mais sem deixar de ser original e cativante numa área cinematográfica mais que explorada e abafada. Só é pena que os primeiros 50 minutos não tenham a mesma pujança artística e narrativa dos restantes 50. De início, tudo parece desenrolar-se de forma algo artificial e até mesmo demasiado previsível. Mas a partir do momento em que a cegueira ataca a personagem principal, a película encaminha-se para um trilho bem mais glorioso e brilhante a todos os níveis. Belén Rueda e Pablo Derqui (que interpreta o enfermeiro Iván) têm aqui duas das interpretações mais memoráveis dos últimos anos. A segunda metade do filme é quase totalmente conduzida pelos dois e a trama atinge uma tensão verdadeiramente insuportável. A realização de Guillem Morales destaca-se mais também nesta segunda parte, sendo brilhante a forma como o realizador opta por não mostrar o rosto de ninguém a partir do momento em que Julia fica cega (é como se o próprio espectador ficasse, também ele, cego, aumentando a dúvida e a incerteza no seu coração). E para terminar em grande, a sequência que encerra o filme é das mais belas e narrativamente bem conseguidas dos últimos anos. Não se deixem enganar (ou cegar, para estar de acordo com o filme em questão) pelos anúncios promocionais que passam na televisão. Se há obra que merece ser vista esta semana, essa obra é “Los Ojos de Julia”. Vejam-na com paciência e um espírito aberto, e dificilmente sairão desiludidos da sala de cinema.
Classificação – 4 Estrelas Em 5
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